Uma curiosidade minha:
Adotantes de adolescentes, vocês conseguiram licença adotante integral? Trabalho na rede municipal de São Bernardo do Campo - SP e me disseram que não tenho direito.
Tentativas de uma tentante
Uma curiosidade minha:
Adotantes de adolescentes, vocês conseguiram licença adotante integral? Trabalho na rede municipal de São Bernardo do Campo - SP e me disseram que não tenho direito.
Checado por Carolina Schwartz, Editora adjunta
Escrito por Joanne Lewsley
Um longo e difícil capítulo da vida se encerra quando seu filho adotivo finalmente chega em casa, mas a verdade é que outro se inicia praticamente ao mesmo tempo.
Às vezes não dá nem para respirar de alívio porque uma mistura de outras emoções logo aparece.
Como será a relação dali para a frente? Vai dar tudo certo? O que você pode fazer para que surja logo o amor entre vocês dois?
Pesquisas indicam que pais adotivos e pais biológicos têm a mesma capacidade de formar vínculos com os filhos. Há muitas formas de se criar laços emocionais, claro, mas é sempre importante lembrar que relacionamentos são como uma jornada, não algo que ocorre instantaneamente. O vínculo entre vocês vai crescer à medida que a criança compreender que é cuidada e amada.
Em primeiro lugar, não espere sentir um amor imediato, ou se sentir mãe ou pai desde o primeiro instante. Até num nascimento "tradicional", nem sempre o amor aparece logo que o bebê sai da barriga da mãe.
Vocês são duas pessoas, e precisam de tempo para se conhecer, mesmo que se trate de um recém-nascido. Haja o que houver, você é responsável pelo seu filho, e ele vai sempre enxergar você como a pessoa mais especial do mundo.
Considere também que cada criança tem uma personalidade. Umas são carinhosas e adoram um chamego, outras são mais independentes, outras são mais sérias. Não tem nada a ver com o fato de ela ter sido adotada ou não -- é o temperamento da criança.
Tente pensar nas crianças com que você já conviveu, ou pergunte para quem tem mais de um filho, para comprovar essa diversidade.
Aproveite que você tem direito por lei à licença-maternidade em caso de adoção e até mesmo de guarda judicial com fins de adoção.
A licença é de 120 a 180 dias independentemente da idade da criança, sendo que a licença ampliada só vale para empresas que aderirem ao programa Empresa Cidadã.
Fique o máximo que puder com seu filho, assim que ele chegar. Pelo menos durante o primeiro mês, os novos pais devem ser os principais responsáveis pelos cuidados com a criança.
Por mais que todo mundo queira receber o novo integrante da família, nas primeiras semanas limite o número de visitas. Explique que dar colo, dar comida, dar banho, pôr para dormir, são coisas que precisam ser feitas por pai e mãe, para que a criança saiba o papel deles e para que vocês possam se conhecer sem interferências.
Seu filho precisa saber que você é a pessoa a quem ele vai recorrer. Olhe dentro dos olhos dele, sempre que puder. Converse bastante com ele (mesmo que seja um bebezinho), cante.
Cubra seu filho de afeto, faça carinho, pegue na mão, no colo. Se ele mostrar que gosta, você pode fazer uma massagem relaxante. O contato físico, pele a pele, ajuda a desenvolver afeição, além de promover saúde física e mental.
A especialista em saúde e mãe adotiva JoAnne Solchany, que trabalha na área, recomenda alguns passos na chegada de uma criança por adoção:
“Seja previsível: Não importa a idade, no começo responda rápido sempre que seu filho chamar ou chorar. Rápido significa em 15 segundos. Mesmo que seja só para responder um "estou indo!". Seu filho precisa saber que, sempre que precisar, você vai aparecer.
Coloque-se no lugar da criança: Procure pensar pelo ponto de vista do seu filho. Não ache que ele encara as coisas do mesmo jeito que você -- ou como você acha que ele deveria estar encarando. Vá devagar e observe os sinais que ele lhe dá.
Demonstre suas emoções: É bom que seu filho veja você em vários momentos, não importa que tipo de emoção você esteja sentindo. Demonstre prazer e sorria ao falar com ele. Deixe as lágrimas escorrerem e fale sobre tristeza, se se sentir triste. Seu filho precisa começar a entender as emoções para poder saber expressar as dele.
Não se ofenda com o comportamento do seu filho: Se ele rejeitar um abraço, chorar quando você pega no colo, ou até dizer coisas ruins, no caso de uma criança maior, pense que ele não quer dizer isso de verdade, e sim que está usando esse meio para expressar medo, raiva, frustração e outros sentimentos negativos naturais (e que toda criança tem).
Narre todas as suas ações: Seu filho estava tirando uma soneca à tarde, e você entra no quarto ao ver que ele acordou. Pode então dizer: "Oi, como foi seu soninho? Vamos trocar de roupa porque a gente vai dar um passeio gostoso. Você é um menino muito lindo! Vamos tomar um lanchinho antes de sair?". Seu filho precisa associar cuidados e carinho à sua voz.
Finja que seu filho está reagindo como você gostaria: Se ele olhar para o outro lado na hora em que você fala com ele, continue agindo normalmente, como se ele estivesse sorrindo para você. Ponha bastante carinho na voz e mostre que você está ali, e que a cara de bravo dele não vai espantar você.
Crie rituais e rotinas: Seu filho ficará mais calmo se souber o que vai acontecer. Isso vale para qualquer criança, mas para uma criança que foi adotada pode ser ainda mais forte, devido a mudanças inesperadas pelas quais ela pode ter passado. Aliás, informe-se o máximo que puder sobre as rotinas que seu filho tinha antes de chegar à sua casa e procure mantê-las para passar uma sensação de alguma continuidade (por exemplo, hora do banho, de brincar, da soneca da tarde etc.). Veja exemplos de rituais para a hora de dormir.
Dê muito colo! Mantenha seu filho o tempo todo pertinho de você. Dê a mão, use um canguru ou sling, dance com ele, abrace, tudo o que puder. Quanto mais contato pele a pele, corpo a corpo, melhor. Quanto mais seguro seu filho se sentir agora, mais independente ele se tornará depois. Não se preocupe em mimá-lo demais, nesse começo. Quanto mais você responder a ele, menos verá comportamentos destinados somente a chamar a sua atenção. Você vai perceber que as interações de você ficarão cada vez mais ricas e profundas.”
É compreensível que uma mãe adotiva duvide do seu instinto materno e um pai adotivo, do paterno, afinal todo o processo de adoção é cercado de dúvida.
Você pode estar com medo de o tempo que seu filho passou longe de você ter uma má influência nele. Ou então que ele cresça e queira procurar os pais biológicos, ou que haja algum problema no desenvolvimento…
Isso sem contar as incertezas em relação aos aspectos legais do processo de adoção.
Todas essas dúvidas são naturais e você não precisa se culpar por tê-las. Com o tempo, seu filho vai parecer cada vez mais seu, e você vai sentir mais segurança em relação aos seus instintos.
Você vai se dar conta de que sim, você é a mãe ou pai dele, mais ninguém.
Depois da euforia pela chegada do seu filho, pode ser que você tenha sentimentos contraditórios. Existe até uma forma de depressão pós-adoção.
Depois de sonhar por tanto tempo com algo, é compreensível que haja uma espécie de "choque" quando a realidade não é exatamente aquela imaginada (mas não necessariamente pior, só diferente!).
A vantagem de saber que isso pode acontecer é não sentir tanta culpa, porque a culpa só vai atrapalhar mais ainda a situação. Muitos pais adotivos contam que passaram por essa fase. E ela é bastante comum também com filhos biológicos.
Há algumas medidas que você pode tomar para se preservar:
“Deixe a festa pela adoção para depois, quando vocês já estiverem acostumados à vida em família. Faça apenas uma comemoração bem íntima e tranquila, com os parentes mais próximos.
Limite o número de visitas e aceite ajuda para o resto das tarefas da casa, para ficar totalmente disponível para o seu filho, e para ter espaço para as mudanças que estão acontecendo na sua família.
Divida as tarefas com seu companheiro(a). As mudanças práticas no dia a dia podem causar estresse e conflitos. Fale abertamente sobre como organizar as tarefas para que ninguém se sinta excluído ou explorado. Cuidado para não "assumir demais", sem deixar espaço para a outra pessoa participar.
Encontre outros pais adotivos para conversar. Com pessoas que já passaram o mesmo que você, vai ser mais fácil falar sobre as dificuldades sem ter de ouvir julgamentos como "Mas não era tudo o que você queria?" ou "Você ainda teve o caminho mais fácil, nem precisou passar pela gravidez". Pais adotivos terão menos tendência a ver você como uma espécie de "herói" que salvou uma criança, e será mais acessível falar de igual para igual.”
Toda criança chora, faz birra, deixa os pais exaustos. Se você não acredita, dê uma lida nos artigos do BabyCenter sobre o choro do recém-nascido ou os ataques de fúria de crianças mais velhas.
Procure não atribuir todas as dificuldades ao fato de seu filho ter sido adotado. A vida de pai e mãe é difícil mesmo, mas as recompensas fazem tudo valer a pena.
Tente não ficar comparando seu filho a outras crianças da mesma idade. É possível que ele tenha tido menos estímulos e esteja se desenvolvendo mais devagar.
Faça o acompanhamento com o pediatra, pois ele é a melhor pessoa para avaliar se há sinais de atraso no desenvolvimento e real motivo de preocupação.
Fonte: https://brasil.babycenter.com/a5400186/ado%C3%A7%C3%A3o-como-criar-um-v%C3%ADnculo-com-seu-filhoToda adoção envolve desafios, mas é importante saber que eles não são maiores do que na maternidade biológica. São apenas diferentes e, especialmente na adoção tardia , costumam ser mais intensos nos primeiros anos após a adoção, no período em que tanto a família quanto a criança estão se adaptando à nova vida.
Por isso, quanto mais informação você tiver, quanto maior for seu conhecimento sobre adoção tardia, mais condições você terá de entender os comportamentos de seu filho e saber como lidar com eles. Isso pode ajudar a tornar essa fase menos insegura, mais fácil de administrar e, consequentemente, rica em aprendizados para todos.
É claro que, por se tratar de comportamento humano, não podemos considerar as fases da adoção tardia como regras fixas, mas sim como características que aparecem com frequência no período denominado “estágio de convivência”.
Lembramos que hoje muitos profissionais utilizam o termo “adoção de crianças maiores”, que abrange um período bem mais amplo, chegando até a adolescência. Porque, afinal, nunca é tarde para adotar. Nós também não gostamos desse termo, mas usaremos aqui apenas para facilitar o entendimento.
O estágio de convivência na adoção, compreende o período de integração, um tempo para a criação de vínculo e estabelecimento de bases sólidas para um relacionamento pautado na confiança e na harmonia. E isso não acontece da noite para o dia, em nenhum tipo de relacionamento. Na adoção tardia não seria diferente.
Tanto os pais quanto a criança ou o adolescente precisarão de tempo e de conhecimento mútuo para que o vínculo se forme e haja o desenvolvimento de um afeto verdadeiro e duradouro.
Mas é preciso sempre ter em mente que, quem adotou é o adulto da relação, o lado mais estruturado emocionalmente, e, portanto, é ele quem deve prover a segurança emocional para que a criança/adolescente possa transpor as dificuldades e desafios que surgirão em cada fase da adoção, da maneira mais suave possível.
Alguns trabalhos excelentes já foram publicados sobre o tema. Mas antes de começarmos a falar das fases da adoção tardia propriamente dita, achamos importante comentar sobre as emoções ligadas ao sentimento de perda e de insegurança que inevitavelmente acompanhará essa criança.
Por mais triste que possa parecer a vida dessa criança, sua vivência anterior é a única realidade que ela conhece e da qual foi retirada.
Com isso em mente, vamos falar sobre as fases da adoção tardia que são muito comuns, porém pouco faladas e, por isso mesmo pegam muitos adotantes de surpresa, criando frustrações, medos e inseguranças – e muitas vezes uma sensação de solidão – que poderiam ser minimizados através da informação e da conscientização.
Baseados no excelente artigo da servidora da seção de adoção da Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal, Niva Maria Vasques Campos, denominado “Adoção Tardia – Características do Estágio de Convivência”, dividimos as fases em 5 grandes grupos com suas fases relativas, para melhor compreensão:
Apresentamos a seguir as características e algumas recomendações para lidar com cada fase dos comportamentos regressivos e agressivos. No próximo vamos explorar detalhadamente os demais grupos.
Ressaltamos que colocamos aqui o conteúdo apoiado no artigo de Niva Maria Vasques Campos conforme já citado acima somado ao nosso conhecimento, muita literatura e troca de informações com pessoas que têm vivenciado histórias semelhantes. No entanto, recomendamos fortemente que todos que estejam passando por essa situação, procurem sempre orientação de profissionais capacitados e habilitados nos campos multidisciplinares – psicologia, neurologia, psiquiatria – bem como especialistas nas áreas jurídica e médica para acompanhamento individualizado e permanente.
E, especialmente, que procurem um Grupo de Apoio à Adoção em sua cidade. Existem questões que são muito próprias à adoção e frequentar os encontros de um grupo de pós-adoção irá ajudar a trocar ideias, a conhecer casos de quem já viveu o mesmo que você e a não se sentir sozinho nessa fase. Para saber se sua cidade tem um Grupo de Apoio, consulte o site da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD). Isso fará toda a diferença no desenvolvimento de uma relação saudável em todas as fases da adoção tardia.
Voltam a fazer xixi na cama ou na roupa, pedem para tomar leite na mamadeira, querem entrar na barriga da mãe adotiva ou mamar no peito. Esses são alguns exemplos de comportamentos regressivos dessa fase da adoção tardia.
Conforme defende Niva Maria “é como se a criança retornasse ao estado imaginário de recém-nascido e quisesse viver uma espécie de segundo nascimento. Este ‘retorno’ funciona como um resgate de fases importantes do desenvolvimento infantil que podem ser melhor vividas junto aos novos pais. É importante que os adotantes observem e vejam a criança buscando o ‘renascer’ deles. O contato corporal, pele com pele, os cuidados prestados pelos pais à criança nesta fase são essenciais e gratificantes. Recomenda-se também a prática da Shantala (massagem) que promove esse contato corporal, relaxa tensões e estabelece um vínculo com o adotante”.
Normalmente após a etapa inicial onde há um encantamento de ambos os lados, presenciamos uma das fases da adoção tardia marcada por comportamentos agressivos do ponto de vista físico ou verbal, sem motivos aparentes. Isso pode deixar os adotantes desorientados e frustrados, pois não identificam as causas e sentem-se perdidos e até mesmo culpados por não saberem como lidar com a situação.
Amor, paciência e compreensão do contexto geral são fundamentais nessa fase. Muitas vezes, os motivos para a agressividade são gatilhos ativados por lembranças ou cenas que passam rapidamente pelo inconsciente da criança/jovem e nem mesmo eles conseguem identificar o porquê da raiva.
Outras vezes, a agressividade é um mecanismo de defesa que funciona como uma espécie de “teste”, ainda que também no nível inconsciente, onde o adotado quer certificar-se de que não será abandonado novamente, e quer fazer isso antes de se apegar.
Pode ser também que esteja sentindo saudades dos colegas e cuidadores do abrigo, mas tem medo de expressar seus sentimentos e voltar para lá, ser devolvido por “reclamar”.
Há um outro tipo de agressividade particularmente notado nas fases da adoção tardia, que é aquele voltado contra a mãe adotiva.
Mães, por favor não sintam-se rejeitadas. Simbolicamente é natural que a criança projete na figura materna as questões do abandono que ela sente em relação à mãe biológica. E ao ser agressiva contra a mãe adotiva, está apenas tentando se proteger de mais uma dor. No fundo ela teme um novo abandono.
Como sempre, paciência, amor e tempo são as melhores recomendações, além é claro de orientações profissionais, como já mencionamos acima.
Cada uma das fases que estamos tratando aqui serão superadas e as adaptações ocorrerão conforme o ritmo da criança e da família. E esse será um dos temas do nosso próximo artigo. Acompanhe o nosso blog, compartilhe esse artigo e mande seus comentários. Vamos trocar experiências e ajudar quem está passando pelas mesmas fases.
Fonte: https://geracaoamanha.org.br/fases-da-adocao-tardia/
#adoçãotardia #adoção #asfasesdaadoçãotardia
October 21, 2016
Os motivos, segundo ela, eram do tipo: “eu descobri que estou grávida, por isso não quero mais” ou "eu não imaginei que ele me daria tanto trabalho”. Fiquei muito impressionada. Imagine a cabecinha de uma criança dessas? Ela me disse ainda que crianças assim voltam para o abrigo destroçadas. É preciso um longo caminho para que elas confiem em alguém novamente. Claro que esta não é uma situação comum, mas só de saber que existe…
Christina Romo foi adotada aos 2 anos de idade, mora nos Estados Unidos e trabalha numa organização de apoio à adoção. Com a autorização dela, eu traduzi um texto com dez dicas que ela tem pra dar a pais adotivos ou para quem mais se interessar pelo tema. Vale a pena conferir o que Christina diz:
1. Impossível ignorar que perder os pais de nascimento é traumático para uma criança. Esta perda será sempre uma parte de mim. Irá moldar quem eu sou e vai ter um efeito sobre meus relacionamentos - especialmente a minha relação com você.
2. O amor não é o suficiente para a adoção, mas certamente faz a diferença. Diga-me todos os dias que eu sou amada - especialmente nos dias em que eu não estou particularmente adorável.
3. Mostra-me - por meio de suas palavras e ações - que você está disposto a resistir a qualquer tempestade comigo. Eu tenho dificuldades em confiar nas pessoas por causa das perdas que experimentei na vida. Mostre-me que eu posso confiar em você. Mantenha sua palavra. Eu preciso saber que você é uma pessoa segura na minha vida, e que você vai estar lá quando eu precisar de você e quando eu não precisar de você.
4. Eu sempre acho que você vai me abandonar, não importa quantas vezes você me diga ou me mostre o contrário. A idéia de que "as pessoas que me amam vão me deixar" foi incutida em mim e será para sempre uma parte de mim. Eu posso querer te afastar de mim para me proteger da dor da perda. Não se importe com o que eu diga, eu preciso de você para me mostrar que você nunca vai desistir de mim.
5. Eu preciso de você para me ajudar a aprender sobre a cor da minha pele ou minha cultura de origem, porque é importante para mim. Eu não me pareço com você, mas eu preciso de você me dizendo - por meio de suas palavras e ações - que não há problema em ser diferente.
6. Eu preciso de você para ser o meu advogado. Haverá pessoas em nossa família, na escola, na vizinhança, na sala de espera da consulta pediátrica… que não entendem sobre adoção. Eu preciso que você explique a elas sobre isto.
7. Em algum momento posso perguntar ou desejar procurar minha família biológica. Você pode até me dizer que estas pessoas não importam, mas não ter esse tipo de conexão deixou um vazio na minha vida. Você sempre será a minha família. Se eu perguntar ou procurar pela minha família biológica, isso não significa que eu te ame menos. Viver sem o conhecimento da minha família biológica tem sido como trabalhar num quebra-cabeças com peças faltando e saber sobre ela pode me ajudar a me sentir mais completa.
8. Por favor, não espere que eu seja grata por ter sido adotada. Eu suportei uma tremenda perda antes de me tornar parte de sua família. Eu não quero o discurso "você me salvou e eu deveria ser grata" pairando sobre a minha cabeça. Adoção é algo sobre a formação de famílias para sempre e não sobre “caridade” para uma criança.
9. Não tenha medo de pedir ajuda. Posso precisar de ajuda para lidar com as perdas que experimentei e outras questões relacionadas com a adoção. Talvez você também precise e isso é completamente normal. Junte-se a grupos de apoio para famílias adotivas, por exemplo. Isso pode exigir que você saia de sua zona de conforto, mas vai valer a pena.
10. A adoção é diferente para todos. Por favor, não me compare com outros adotados. Apenas veja a experiência dos outros para que isso lhe ajude a encontrar a melhor maneira de me entender. Respeite-me como um indivíduo. Nossa jornada nunca vai acabar; não importa o quão instável a estrada possa ser, e independentemente de onde ela pode levar, o fato de estarmos juntos nesta mesma estrada vai fazer toda a diferença.
Se por acaso você quiser saber mais sobre os meios legais para se adotar uma criança no Brasil, visite a página do Cadastro Nacional de Adoção.
Fabiana Santos é jornalista e mora em Washington-DC. Ela é mãe de Felipe, de 10 anos, e Alice, de 4 anos. Este texto é, de alguma forma, uma homenagem a dois amigos dela, que geraram filhos do coração.
Texto extraído do blog Tudo Sobre Minha Mãe
Esse blog foi criado em 27 de outubro de 2014. Eu tinha pouco mais de um ano de casada e já tinha o diagnóstico de infertilidade. Eu já tinha sido informada da possibilidade de infertilidade aos 20 anos, mas foi só após o casamento, os exames detalhados e um ano de tentativas frustradas que ela foi realmente confirmada.
Começaram os tratamentos com indução de ovulação e fertilização in vitro. Foram exames horríveis: histeroscopia cirúrgica, histerossalpingografia, ultrassom seriado (dia sim, dia não), equipes inteiras me examinando e por fim, o terrível diagnóstico de infertilidade irreversível devido a falta de ovulação e má respondedora a indutores de ovulação.
Jovem ainda, sabendo da dificuldade que teria de engravidar, pensava sempre na adoção. Gostava de acompanhar as histórias sobre o assunto, assistir filmes e conversar com adotantes e adotados. Sabia que poderia ser uma possibilidade na minha vida.
Em agosto de 2018, iniciamos o processo de adoção: fizemos o curso no fórum, o curso no abrigo, participamos de encontros do grupo de apoio à adoção e providenciamos todos os documentos necessários e os atestados de sanidade física e mental. Passamos por entrevistas com psicóloga e assistente social. Finalmente, após 8 meses de preparo, fomos habilitados para adoção.
Em cinco anos e meio de espera, nossa posição na fila mal saiu do lugar. Nosso perfil era de dois irmãos entre 0 e 8 anos, mas a cada curso, a cada encontro no grupo de apoio à adoção, a cada conversa, a cada livro lido, a cada filme assistido, a vontade de adotar uma adolescente aumentava no meu coração. Mantivemos o perfil inicial, mas já sonhávamos com a adolescente e orávamos para que Deus preparasse o melhor para nós.
Foi em resposta as nossas orações que apareceu no meu Facebook um convite para um encontro que aconteceria em Araucária promovido pela ONG Reencontro - Projeto "Vidas que se encontram". O encontro aconteceu no dia 12/10/2024. Foi uma experiência maravilhosa! Logo no início, nos apaixonamos por uma adolescente. Não sabíamos nada sobre ela, mas já sentíamos que ela seria a nossa filha. Observamos outras crianças, mas Deus já tinha predestinado ela para ser nossa filha.
Após o encontro, recebemos contato das varas das infância sobre as crianças que observamos e elas não queriam ser adotadas ou começaram a fazer aproximação com outras famílias, mas nada de receber informação sobre a adolescente.
No início de dezembro de 2024, estávamos conversando sobre essa falta de retorno, exatamente sobre a adolescente que já sentíamos que seria a nossa filha e isso nos deixava inseguros sobre essa nossa sensação. E foi, durante a nossa conversa, na hora do almoço que recebi a mensagem da assistente social perguntando se ainda tinha interesse em conhecê-la. No dia seguinte, fizemos uma videochamada com o pessoal do Fórum da comarca e já decidimos iniciar a aproximação.
No dia 09/12/2024, fizemos as malas e fomos para São José dos Pinhais - PR conhecer a nossa filha. Foram 4 dias de visitas diárias ao abrigo e de conversa com a assistente social. Voltamos para casa por motivos de trabalho e no dia 16/12/2024 passamos por audiência com o juiz que já nos deu a guarda temporária dela para fins de adoção. Finalmente, agora somos três e aí? Como seremos a partir de agora?
#adoção #adoçãotardia #pósadoção #eagora?
Dia 16/12/2024 tivemos a resposta de nossas orações e agora, finalmente, somos três!!
Adotar é sinônimo de aceitar, acolher, assumir. Nesse sentido, toda família é adotiva.
Segundo o site promenino, “para cada criança esperando ser adotada no Brasil, existem seis pretendentes procurando um filho ou uma filha. Ainda assim, cerca de 5,5 mil crianças e adolescentes ainda esperam em abrigos para serem adotados.”
De acordo com dados do CNA (Cadastro Nacional da Adoção), “Só no Estado de São Paulo, em 2012, foram 3.535 adoções processadas – cada processo pode ter mais de uma criança envolvida. Em 2011, foram 3.450.”
Muitos casais desejam ter filhos e os motivos são vários. Maria Inês Villalva, assistente social e coordenadora de um grupo de apoio a adoção de Santo André – São Paulo, explica que “Os motivos que normalmente levam à adoção são infertilidade, evitar uma gravidez de risco, impedimento de ter mais filhos ou criação de vínculo afetivo com uma determinada criança”.
Sejam quais forem os motivos para a adoção, é algo que envolve sentimentos delicados de ambas as partes. Pode haver muito riso, alegria ao se adotar um filho, mas também há lágrimas, decepções e muitas vezes uma longa espera até ter a criança desejada nos braços.
Por envolver tantas emoções, há naturalmente uma hipersensibilidade com relação ao assunto. Por isso, há que se ter cuidado com o que se diz a uma família onde há filhos não biológicos envolvidos.
Especialistas e mães mostram 10 coisas que nunca se deve dizer a uma família adotiva:
1. É seu filho mesmo?
Como não poderia ser? Filho é alguém que amamos, cuidamos, nos preocupamos, queremos o bem-estar em todos os aspectos da vida. Independente da raça ou cor da pele, filho adotivo é tão filho quanto o biológico. E outra pergunta costuma seguir-se a essa: “Você não tem vontade de ter um filho seu mesmo?” A advogada Paula Abreu, mãe de Davi, responde: “É meu, você vai ver, vai ter até certidão de nascimento dizendo que é meu”.
2. Que coragem!
Não é coragem, é amor. Todo filho é um desafio, traz preocupações e dá trabalho. Tanto o que carrega o DNA dos pais quanto os que não carregam. “Não tivemos que “tomar coragem” ou nada parecido porque ter dois filhos é uma das coisas mais comuns do mundo”, diz Ruri Giannini, blogueira e mãe de gêmeos adotivos.
3. Parabéns pelo seu gesto!
Adoção não é um gesto heroico ou de caridade. Como diz Gabi Rocha, mãe adotiva da Manu, “Adoção é somente, e tão somente, uma forma legítima de filiação que permitiu nos tornarmos pai e mãe. Não fizemos caridade”.
4. Como é ter um filho adotivo?
Como é ter um filho? Esse deveria ser a pergunta. A palavra “adotivo” ao final da frase não faz o menor sentido. Como já ressaltado no item 2, todo filho dá trabalho e dá alegrias, todo filho traz um pacote de experiências e vivências, não importa se no pacote tem o DNA dos pais ou não.
5. Como seus filhos reagiram?
A pergunta poderia ser: “Como seus outros filhos reagiram?”. Afinal todos são filhos.
6. Filho adotivo dá muito trabalho
E qual filho não dá trabalho? Sim, os filhos dão muito trabalho, todos dão. Mas, dão amor, carinho e proporcionam situações de aprendizado e crescimento que nenhuma outra experiência traz.
7. Você os castiga?
Regina e Edmar, um casal de empresários de Brasília, pais de dois filhos adotivos, respondem a esse tipo de pergunta de maneira direta, como conta Regina:
“Já respondi a perguntas estúpidas de outras mães: ‘Mas eles não são rebeldes? Você consegue que eles lhe obedeçam? Você os castiga?’ Ora, que perguntas são essas? Eles se comportaram e foram tratados igualzinho às demais crianças e adolescentes na idade deles”.
8. Onde você os encontrou?
A professora da Universidade Federal de Minas Gerais, Regina Helena Alves Silva, conta sua reação a esse tipo de pergunta. Com dois filhos adotados, segundo ela essa pergunta gera outra em sua mente:
“Como assim, onde encontrei?”
Cansada desse tipo de pergunta sem sentido, a professora chegou a responder: “Encontrei num supermercado!”
9. E se os pais verdadeiros forem de má índole?
Os pais verdadeiros são os que criam e ensinam a serem boas pessoas. Ruri Giannini, mais uma vez conta sua experiência com esse tipo de pergunta: “Sim, já ouvi perguntas esdrúxulas sobre esse assunto, como ‘e se o genitor for um criminoso e passar essa carga genética para seus filhos?’. Sempre fico um pouco brava com essas perguntas, porque parece que as pessoas acham que filho adotivo vai necessariamente dar problema e que filho biológico vem com certificado de garantia”. Em seguida, ela pede desculpas e conta a história bem conhecida de uma filha biológica que matou os pais.
10. Como é ter um filho tão diferente?
Isso é puramente discriminação. Esse tipo de pergunta mostra um preconceito profundamente enraizado. Em uma pesquisa feita pela psicóloga Lídia Natália Dobrianskyj Weber, sobre abandono e adoção, uma das palavras mais frequentemente relatadas é “diferente”. A pesquisa traz respostas de pais e filhos adotivos sobre várias questões, entre elas sobre diferenças, sejam de cor, raça, etc. A resposta de um dos adolescentes entrevistados sobre diferenças é: “Eu gostaria de ser mais parecido com meus pais. Somos diferentes em tudo, até na cor da pele, mas amor não tem padrão de cores, tem?”
Famílias são unidas pelo amor e quando esse tipo de pergunta é feita, magoa, fere a todos, pais e filhos. A fotógrafa norte-americana Kim Kelley-Wagner explica às suas filhas adotivas que “as pessoas não dizem essas coisas por maldade, mas por ignorância“.Ela ressalta que“
As palavras são poderosas, elas podem ser ferramentas ou armas“. E conclui: “Use-as de forma sábia”.