sexta-feira, 24 de julho de 2020

Pandemia

Por volta do dia 10 de março de 2020, os noticiários falavam de um vírus que invadia o mundo. Chegou na China, em dezembro de 2019 e em pouco tempo, milhares de chineses perderam a guerra contra esse inimigo invisível. Depois foi para a Itália e lá, o estrago foi maior, os idosos não tinham mais forças para lutar. Espalhou-se pelo mundo e no final de fevereiro fez sua primeira vítima no Brasil.
De repente, o coronavírus já fazia parte da história brasileira.
No dia 14 de março, foi anunciado, na cidade onde moro e trabalho e em diversos outros pontos do Brasil, a temida quarentena. A partir do dia 16, todos deveriam ficar em suas casas, isolados e com cuidados com a higiene redobrados para evitar a contaminação em massa. Naquela semana, os pais deveriam evitar de levar os seus filhos para a escola e, depois, as aulas estariam suspensas.
Dia 13 de março, foi o último dia de aula com meus alunos, mas nós não sabíamos que esse seria o último dia antes do longo e tenebroso inverno do distanciamento social. Não tivemos tempo para nos despedir, não fizemos planos para o depois, ficou tudo suspenso no ar.
A semana que se seguiu foi estranha, cheia de dúvidas, medos e esperança de que em pouco tempo tudo estaria controlado e tudo voltaria ao normal. Os alunos já não foram para a escola, os professores planejavam as avaliações e atividades após o retorno às aulas. Mas o clima era pesado, a tensão estava no ar e o medo nos seguia por todas as partes da escola.
No dia 19 de março, o pânico entrou pelos portões da escola. Todos deveriam ir para as suas casas. "Cuidem-se" e "Até não sabemos quando". Esperança de poder todos nos reencontrar um dia. Ninguém queria ir embora, nem podíamos nos despedir direito, sem abraços e um "Até mais" que se misturava com um quase "adeus".
24/07/2020

Depois - História de uma pandemia

De repente a espera virou pausa.
Tudo ficou para depois...
Depois a gente se vê.
Depois a gente se abraça.
Depois a gente se beija.
Depois a gente se encontra.
Depois a gente trabalha.
Depois a gente festeja.
Depois a gente comemora.
Um depois indefinido,
determinado pelo fim da pandemia.
Um inimigo invisível
nos prendeu em nossas próprias casas
numa loucura sanitária.
Lavar as mãos,
higienizar a casa,
álcool em gel,
água sanitária,
máscaras,
luvas
e distanciamento social,
essas são as armas da guerra.
Uma guerra mundial e solitária.
E como tudo isso termina?
Depois a gente conversa...